cnn -09/08/2024 10:13
O primeiro-ministro
do Japão, Fumio Kishida, cancelou nesta sexta-feira (9) os planos de
visitar a Ásia Central e a Mongólia neste fim de semana, após um aviso sem
precedentes de que o risco de um grande terremoto na costa do Pacífico era
maior do que o normal. A Agência Meteorológica do Japão (JMA) emitiu na
quinta-feira (8) seu primeiro alerta sobre o risco de um grande terremoto na
costa do Pacífico do país, após um tremor
de magnitude 7,1 que atingiu a ilha de Kyushu, no sudoeste, no mesmo
dia.
“Decidi ficar no país durante a próxima semana ou mais para
garantir que os nossos preparativos e comunicações estão em ordem”, disse
Kishida numa conferência de imprensa, embora o comunicado não tenha dado um
prazo para o potencial evento ou pedido de retirada de moradores.
“Mas é a primeira vez que é emitido (um alerta do tipo) e
acredito que as pessoas ficariam ansiosas com isso”, acrescentou.
“Consequentemente, decidi cancelar a minha visita planejada
à Ásia Central e à Mongólia.”
O governo pode tentar realizar reuniões online com os
líderes regionais, disse a emissora pública NHK. A visita ao Cazaquistão,
Uzbequistão e Mongólia estava originalmente programada para ocorrer de sexta a
segunda-feira.
A agência meteorológica alertou para uma maior probabilidade
de um grande terremoto no vale de Nankai, uma fossa no fundo do oceano que
corre ao longo da costa do Pacífico do Japão, onde terremotos anteriores
provocaram enormes tsunamis.
O premiê não indicou que um terremoto aconteceria, mas
encorajou as pessoas a estarem prontas para se deslocarem, se necessário.
Novo aviso
Normalmente, o Japão estima a probabilidade de um terremoto
de magnitude 8 ou 9 acontecer nos próximos 30 anos em 70% a 80%, o que equivale
a uma chance em mil de um terremoto em qualquer semana. Com o novo
comunicado, essa probabilidade aumentou para uma em centenas, de acordo com a
JMA.
Alguns supermercados em Shizuoka estão relatando escassez de
abastecimento depois que os clientes compraram água engarrafada e pacotes de
arroz, de acordo com a NHK.
A NHK mostrou uma placa em um supermercado que dizia:
“Atualmente estamos sem água engarrafada após relatos do terremoto de Nankai” e
pedindo desculpas aos clientes.
“Não sobrou nenhum, pois parece que todo mundo está
estocando… Estarei estocando com mais regularidade”, disse um cliente à NHK.
O atual sistema de alerta entrou em vigor em 2019, quando o
governo procurou estabelecer uma forma de colocar o público em alerta para
potenciais terramotos, apesar da dificuldade de prever quando um poderia
ocorrer.
Existem dois níveis de alerta – o aviso inferior aconselha
as pessoas a estarem preparadas para deixar suas casas, enquanto o aviso
superior aconselha aqueles que estão em áreas propensas a perigo a começarem
saírem imediatamente.
Algumas empresas e autoridades locais também tomaram medidas
de precaução em resposta ao alerta, numa altura em que o Japão se prepara para
entrar na época de férias de verão.
A cidade costeira de Shirahama, na província de Wakayama,
fechou suas praias por uma semana e cancelou uma queima de fogos planejada.
A JR Tokai está operando alguns de seus trens-bala em
velocidades mais lentas em áreas específicas. A principal concessionária de
energia do Japão, JERA, está analisando seus procedimentos de comunicação e
emergência com seus transportadores de combustível.
O Japão é um dos países mais propensos a terremotos do
mundo. Mais de 15 mil pessoas morreram num terremoto de magnitude 9 em 2011,
que desencadeou um tsunami devastador e o colapso de três reatores em uma usina
nuclear.