noticias ao minuto -17/09/2024 13:20
número de mortos devido às inundações causadas por chuvas
torrenciais no Chade, que começaram no final de julho, subiu para 487, quase
metade do total de mais de mil vítimas fatais registradas em toda a África
Central e Oriental. De acordo com informações divulgadas nesta terça-feira
pelas autoridades do Chade à agência EFE, somente na última semana, 146 mortes
foram registradas no país.
Na Nigéria, o número de mortos também aumentou de 259 para
269, com mais de 640 mil pessoas forçadas a abandonar suas casas, conforme
informou a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
"Até o momento, registramos 487 mortes relacionadas às
cheias e quase 1,7 milhões de pessoas afetadas. É um número alarmante e estamos
solicitando apoio dos parceiros internacionais", afirmou Mahamat Assileck
Halata, vice-presidente do Comitê Nacional de Prevenção e Gestão de Cheias do
Chade, confirmando os dados divulgados anteriormente pelas Nações Unidas.
As chuvas devastaram 200 mil residências e mais de 355 mil
hectares de terras agrícolas no Chade, além de causarem a perda de 66 mil
cabeças de gado. O fenômeno afetou 117 dos 120 departamentos do país, com as
províncias de Logone Est, Mayo-Kebbi Ouest (sul), Ouaddaï e Wadi Fira (leste)
registrando o maior número de mortes, enquanto a província de Lac (oeste) conta
com o maior número de pessoas afetadas.
"Todos os campos estão inundados, e nossas colheitas
estão apodrecendo na água. Isso prenuncia um futuro sombrio: se não
conseguirmos colher o que plantamos, a fome será inevitável nos próximos
meses", lamentou Jonas Masra, morador da cidade de Sarh, na província de
Moyen-Chari (sul), também em declarações à EFE.
Além do Chade, diversos países da África Ocidental e
Central, como Nigéria, República Democrática do Congo (RDC), República
Centro-Africana (RCA), Togo, Costa do Marfim, Libéria, Níger e Mali, também
foram atingidos por chuvas intensas nos últimos meses. A situação agrava ainda
mais as condições de uma população já vulnerável, marcada pela pobreza crônica,
subdesenvolvimento, conflitos e instabilidade política.
Segundo dados divulgados pela Bloomberg, as enchentes nesta
faixa da África deixaram pelo menos 2,9 milhões de pessoas desabrigadas e devastaram
plantações em uma região que já enfrenta escassez de alimentos e insegurança.
As chuvas torrenciais na região semiárida do Sahel, que faz
fronteira com o deserto do Saara, devem continuar, de acordo com a Rede de
Sistemas de Alerta Precoce contra a Fome. O dilúvio deste ano, coincidente com
uma época crucial para as colheitas, é atribuído ao aquecimento global, segundo
especialistas.
Algumas partes do Saara receberam mais de 500% da
precipitação normal de setembro, conforme relatado pelo blog Severe Weather
Europe. O Grupo Internacional de Salvamento descreveu as enchentes como as
piores dos últimos 30 anos, enquanto o Centro de Riscos Climáticos da
Universidade da Califórnia, em Santa Barbara, apontou que grandes áreas de Mali
e Mauritânia registraram níveis recordes de chuva nos primeiros dez dias de
setembro, de acordo com a Bloomberg.