r7 -26/09/2023 11:14
A chegada de um novo medicamento para o tratamento de
diabetes tipo 2 no Brasil nos próximos meses — após aprovação da Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), na segunda-feira (25) — traz esperanças
também para pacientes com obesidade. Isso porque o fármaco, a tirzepatida,
também tem sido usado nos Estados Unidos, sendo este o único remédio até o
momento cujos efeitos na perda de peso se assemelham ao de uma cirurgia
bariátrica.
Em um estudo realizado com mais de 2.500 pessoas obesas ou
com sobrepeso e alguma doença associada, 36,2% dos participantes que tomaram
injeções semanais de tirzepatida, cujo nome comercial é Mounjaro, conseguiram
perder 25% ou mais do peso corporal após 72 semanas (um ano e meio).
"A cirurgia bariátrica resulta em uma redução de peso
de aproximadamente 25% a 30% em 1 a 2 anos", sublinharam os autores no
documento, publicado no ano passado no The New England
Journal of Medicine.
No Brasil, 56% da população estão acima do peso
FREEPIK
Outros grupos analisados no ensaio clínico tomaram doses
semanais de 5 mg e 10 mg. O estudo constatou que todas as três doses de
tirzepatida resultaram em reduções substanciais e sustentadas no peso corporal,
com a dose mais alta (15 mg) mostrando o maior efeito.
Para efeito de comparação, o artigo cita a semaglutida
(Ozempic), que tem sido usado off-label (sem indicação em bula) para a
perda de peso.
Pacientes que fazem uso semanal de 2,4 mg de semaglutida
conseguiram uma redução média do peso de 12,4%. Um terço, porém, conseguiu
emagrecer 20% ou mais.
Os dois remédios são prescritos com indicações de mudanças
na alimentação e prática regular de exercícios físicos, como parte do
tratamento.
A tirzepatida difere da semaglutida em seus mecanismos de
ação, pois age em duas frentes.
O remédio é um "receptor dual de polipeptídeo
insulinotrópico dependente de glicose", o GIP. Este é um hormônio que é
liberado pelo intestino em resposta à ingestão de alimentos, especialmente
glicose (açúcar).
Ele estimula a secreção de insulina pelo pâncreas, o que
ajuda a reduzir os níveis de açúcar no sangue após as refeições.
Portanto, a tirzepatida tem a capacidade de interagir com os
receptores para o GIP.
Em segundo lugar, é também um agonista do receptor de
peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1), a mesma função da semaglutida.
O GLP-1 é outro hormônio liberado pelo intestino em resposta
à ingestão de alimentos. Ele desempenha um papel importante na regulação dos
níveis de açúcar no sangue, estimulando a liberação de insulina e reduzindo a
liberação de glucagon, que é outro hormônio que aumenta os níveis de açúcar no
sangue.
Um agonista do receptor GLP-1 é uma substância que imita a
ação do GLP-1, ou seja, ela atua nos receptores GLP-1 do corpo como se fosse o
próprio hormônio.
Estudo recente, conduzido pela UFPel (Universidade
Federal de Pelotas) e pela organização global de saúde pública Vital
Strategies, revelou que 56,8% dos brasileiros estão com sobrepeso ou
obesidade.
Também foi identificado que 10,3% da população tem
diagnóstico médico de diabetes.