metropoles -18/01/2025 18:59
Os remédios genéricos entraram no cotidiano dos brasileiros há 26 anos. Desde então, eles se popularizaram como uma alternativa segura e eficaz aos medicamentos de referência, a preços até 60% mais baratos.
Dados da Associação Brasileira das Indústrias de
Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos) mostram que os genéricos
proporcionaram uma economia direta de aproximadamente R$ 325 bilhões para os
consumidores e pacientes desde o início dos anos 2000. Dos 20 medicamentos mais
prescritos no Brasil, 15 são genéricos.
O que é um medicamento genérico?
O remédio genérico é aquele que contém o mesmo princípio
ativo, na mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração e
indicação terapêutica de um medicamento de referência.
Na prática, ele é uma cópia do primeiro medicamento criado,
desenvolvido e comercializado após a patente deixar de estar em vigor.
“O genérico é identificado pelo nome do princípio ativo e
deve apresentar a mesma eficácia, segurança e eficiência”, afirma o
presidente-executivo da PróGenéricos, Tiago de Moraes Vicente.
Os genéricos são seguros?
Sim. De acordo com o Ministério da Saúde, a substituição do
medicamento de referência pelo genérico é assegurada por testes de equivalência terapêutica, que incluem comparação
in vitro e in vivo, por meio dos estudos de bioequivalência apresentados à
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“A produção de medicamentos genéricos segue uma série de
controles de qualidade e ponderações técnicas para garantir que aquilo que está
na bula seja estritamente verdade”, afirmou o farmacêutico e bioquímico
Tarcísio Palhano, do Conselho Federal de Farmácia (CFF), em entrevista anterior
ao Metrópoles.
Por que o genérico é mais barato?
O genérico deve ser, obrigatoriamente, pelo menos 35% mais
barato que o medicamento de referência, conforme exigido no Brasil. “Na
prática, alcança mais de 60% de desconto”, afirma o presidente-executivo da
PróGenéricos.
O preço é menor porque os fabricantes de remédios genéricos
não precisam realizar todas as pesquisas para o processo de desenvolvimento de
um medicamento inovador, barateando o custo.
“Os remédios genéricos são tão confiáveis quanto os de
marca, sendo uma opção mais acessível para a população”, aponta a clínica geral
Gabrielle Resende, coordenadora do pronto-socorro do Hospital Brasília Águas
Claras, da rede Dasa.
Quais características o genérico deve cumprir?
Composição: mesmo princípio ativo, concentração e forma
farmacêutica do medicamento de referência;
Bioequivalência: deve demonstrar que a absorção e
efeito no organismo são equivalentes ao referência;
Rotulagem: é identificado pelo nome do princípio ativo;
Preço: deve ser, obrigatoriamente, pelo menos 35% mais
barato que o referência, conforme exigido no Brasil;
Qualidade: deve atender às mesmas normas rigorosas
aplicadas aos medicamentos de referência.
Genéricos de laboratórios diferentes podem ter graus de
efetividade distintos?
Não. Vicente explica que para serem aprovados, todos os genéricos devem passar por testes rigorosos de bioequivalência e biodisponibilidade que garantam diferença mínima ou irrelevante na eficácia e segurança do produto.
Assim, não é esperado que o consumidor sinta melhora do
quadro com um genérico em detrimento de outro. “A preferência de uma pessoa por
um laboratório específico pode ser influenciada pela confiança na marca ou nas
experiências individuais”, pontua.
Quando um medicamento de referência perde a patente?
Quando um laboratório desenvolve um novo medicamento, ele
recebe uma patente, garantindo exclusividade na fabricação e comercialização
por 20 anos. Após esse período, outros laboratórios podem produzir versões
genéricas, desde que cumpram os requisitos legais.
Como reconhecer um genérico na farmácia?
Os medicamentos genéricos podem ser identificados pela tarja
amarela na qual se lê a letra G e a inscrição “Medicamento Genérico”. Além
disso, a Anvisa aponta que na embalagem deve constar a frase “Medicamento
Genérico Lei nº 9.787/99”.
O remédio genérico não tem nome comercial. Por isso, é
identificado apenas pelo princípio ativo da fórmula.
Quando o genérico surgiu no Brasil?
O programa de medicamentos genéricos foi criado no Brasil em
1999 com o objetivo de implementar uma política consistente de auxílio ao
acesso a tratamentos medicamentosos no país.
Os critérios técnicos para o registro destes medicamentos
são semelhantes aos adotados em países como Estados Unidos, Canadá e outros
centros de referência de saúde pública no mundo.