Escutas telefônicas comprovaram a ligação de traficantes com as principais torcidas organizadas do país. Para combater essas facções criminosas, a Justiça de São Paulo decidiu centralizar todos os inquéritos envolvendo as uniformizadas.

Elas têm se tornado um problema cada vez maior para as autoridades. “O crime organizado se infiltrou na torcida organizada. É um negócio altamente lucrativo e por isso ocorre nas torcidas”, aponta o promotor Paulo Castilho. Segundo ele, na maioria dessas organizadas ocorre tráfico de drogas, já que há uma grande concentração de jovens e de consumo.

As investigações envolvem praticamente todas as organizadas dos grandes clubes do país. Um dos alvos é a segunda maior torcida do Santos com 10 mil associados.

Imagens mostram a prisão do ex-presidente da Sangue Jovem. Na casa de Luciano Diesner e na sede da uniformizada, a polícia apreendeu mais de meio quilo de maconha. Ele havia sido flagrado em uma investigação de tráfico envolvendo o crime organizado em São Paulo.

No início do mês, o ministério público denunciou um PM e um ex-PM acusados de envolvimento na chacina de oito torcedores na sede da torcida pavilhão 9 do Corinthians. O motivo seria a disputa por pontos de venda de drogas.

Em maio do ano passado, a polícia apreendeu cerca de duas toneladas de maconha em um caminhão estacionado no barracão da Gaviões da Fiel, maior torcida corintiana e escola de samba. Dois homens foram presos. Dois meses antes, outras três pessoas já tinham sido detidas na quadra da organizada com quatro quilos de cocaína.

Em fevereiro do ano passado, a Polícia Federal encontrou 300 quilos de maconha na sede da TUP, Torcida Uniformizada do Palmeiras. Dos seis presos, três acabaram condenados por tráfico de drogas, entre eles, Rodrigo Poleto, relações públicas da torcida Gaviões Alvinegros, do Figueirense de Santa Catarina. Imagens mostram o momento em que ele chega ao Aeroporto de Congonhas, na capital paulista, e se encontra com um motorista da torcida palmeirense. De lá, eles partem para buscar a droga e levá-la até a quadra da TUP.

O avanço dos casos de integrantes de organizadas envolvidos com crimes fez com que o judiciário criasse uma unidade para centralizar as apurações contra os torcedores.  O juiz de direito Ulisses Pascolati é responsável pela análise de todos os pedidos de prisão, de interceptações telefônicas e quebra de sigilos fiscal e bancário dos torcedores investigados.

No Rio de Janeiro, uma investigação sobre brigas e a morte de um torcedor do Vasco comprovou que integrantes da Torcida Jovem do Flamengo têm ligação com o narcotráfico. Uma interceptação telefônica autorizada pela justiça flagrou a conversa de um flamenguista com um traficante. Em outra gravação, os agentes identificaram um dos chefes da torcida do flamengo encomendando a compra de cocaína.