noticias ao minuto -03/01/2024 09:44
Nesta época de final de ano e verão, grande parte das
pessoas aproveita para ir à praia e às piscinas, dois lugares que, além de
receberem um grande número de pessoas, fazem com que o corpo fique úmido e
torne-se um ambiente perfeito para a proliferação de fungos. Entre as doenças
que podem ser confundidas com infecções fúngicas, estão a psoríase, dermatites
e até mesmo alergias.
Esses fungos podem surgir nas unhas, cabelos ou na pele e
são divididos basicamente em duas categorias: os dermatófitos, que são os
maiores causadores de micoses em seres humanos, e os não dermatófitos. Os
primeiros são aqueles que se alimentam de queratina, e podem vir do solo, de
animais e também de outros seres humanos.
De acordo com a dermatologista Layla Comel, os principais
fatores que influenciam no aparecimento de fungos são a idade, imunidade e
áreas do corpo com maior umidade. “O envelhecimento predispõe às infecções por
fungos nas unhas. Em cabelos, os casos são mais frequentes em crianças.
Já na pele, ocorrem bastante em locais onde há muita
umidade, por exemplo, em áreas de dobras, entre os dedos dos pés e na virilha,
que são áreas quentes e úmidas. Outro fator bem importante é em relação à
imunidade: quanto menor a imunidade, maior o risco de infecção por
fungos", destaca.
Embora os fungos sejam geralmente considerados inofensivos,
eles podem causar complicações mais graves em pacientes debilitados, internados,
acamados ou com problemas de saúde mais sérios, especialmente aqueles que
afetam a imunidade. Já em pacientes saudáveis, eles podem causar apenas
pequenos desconfortos.
Identificar o fungo com rapidez é um dos maiores
problemas
Um dos principais problemas relacionados às infecções
fúngicas é conseguir chegar a um diagnóstico correto e à identificação do fungo
causador do problema. “Os fungos têm um crescimento muito lento, então isso
dificulta bastante o diagnóstico pelos métodos que a gente tem hoje em dia. Por
exemplo, com o método de cultura, geralmente, o diagnóstico demora muito tempo,
então, muitas vezes, acabamos perdendo tempo até fechar o diagnóstico correto,
ou inicia-se o tratamento antes de ter o resultado final do fungo causador para
depois trocar a medicação”, explica a Dra. Layla.
Os resultados negativos também são um problema no tratamento
das infecções, de acordo com a dermatologista. “O dia a dia do dermatologista
são as culturas negativas. Muitas vezes a gente acaba pedindo cultura, seja de
unha, de pele ou de cabelo e o que a gente vê é que, por mais que nós tenhamos
quase certeza que é uma infecção fúngica, a cultura muitas vezes acaba vindo
negativa. Isso prejudica tanto a condução do caso, quanto o próprio diagnóstico
e tratamento da doença, pois muitas vezes não conseguimos identificar o fungo
que está provocando a infecção e fazer o tratamento correto”.
Biologia molecular facilita a identificação do fungo com
rapidez
A identificação correta do fungo é importante por diversos
fatores, entre eles o tratamento certeiro e ágil. Segundo a dermatologista,
saber a patologia do paciente é uma maneira de evitar fungos mais resistentes
aos medicamentos disponíveis. Alguns pacientes já debilitados e que contraem o
fungo, necessitam mais ainda de remédios assertivos, pois o tratamento
prolongado pode prejudicar sua recuperação e trazer efeitos colaterais.
Os exames convencionais de cultura demoram entre 21 dias a
três meses para informarem um resultado. Porém, em casos mais graves, não se
pode esperar, então a conduta médica é iniciar o tratamento medicamentoso. Além
do tempo de espera, os resultados não avaliam possíveis resistências aos
tratamentos, conforme explica a Dra. Layla. “Na grande maioria das vezes o
exame identifica somente o fungo causador, mas não contempla a quais
medicamentos esse fungo é resistente, o que é bastante importante para fazer o
tratamento correto”.
Para facilitar a identificação correta do fungo, mas também
suas resistências e uma melhora rápida dos pacientes, a Mobius, empresa que
desenvolve e comercializa produtos destinados ao segmento de medicina
diagnóstica focada na biologia molecular, lançou os produtos da empresa
parceira PathoNostics.
A linha é constituída de uma variedade de kits de
diagnóstico, através da tecnologia de PCR em tempo real, para o diagnóstico de
dermatofitoses, mucormicoses, detecção e identificação de Aspergillus sp, e tem
como principal objetivo detectar rapidamente o fungo causador da doença e,
simultaneamente, identificar a resistência antifúngica, permitindo que os
médicos iniciem uma terapia assertiva.
Para a dermatologista, exames moleculares facilitam a
conduta médica. “Os testes moleculares são muito mais sensíveis, porque eles
vão detectar a presença do material genético do fungo na amostra. Na cultura,
existe essa demora e muitas vezes não conseguimos identificar o fungo causador,
devido ao seu crescimento lento."
Tratamento pode durar até 18 meses
O tratamento indicado contra micoses é feito, na maioria das
vezes, com remédios antifúngicos orais, mas também com soluções tópicas, como:
cremes, géis, loções, pomadas, entre outros, e aplicados diretamente no local.
“O tratamento de micoses nas unhas das mãos, por exemplo, dura, em média, de
três a seis meses, já nas unhas dos pés se prolonga um pouco mais, de seis a 18
meses de tratamento. Nas infecções de pele superficiais, o tempo de tratamento
varia, durando em média de 14 a 30 dias”, explica a Dra. Layla.
Apesar das resistências medicamentosas, os tratamentos se
mostram eficientes, mas ainda assim há efeitos colaterais. Um dos principais,
citados pela dermatologista, são as alterações no fígado. Se o paciente já
tiver problemas com o órgão, a medicação irá sobrecarregar ainda mais, podendo
alterar ainda o colesterol e triglicerídeos.