folhapress -05/09/2024 12:23
O Brasil enfrenta a pior seca já registrada desde o início
da atual série histórica, em 1950. Segundo um índice que mede as quantidades de
água da chuva e da evapotranspiração de plantas, o momento atual supera as
estiagens de 1998 e de 2015/2016.
É o que apontam dados do Cemaden (Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) divulgados nesta quarta-feira
(4). O problema de seca neste ano se estende por 5 milhões de quilômetros
quadrados -58% do território nacional e 500 mil a mais do que em 2015.
Como os dados do Cemadem vão até 1950, não estão incluídas
na comparação algumas secas importantes do país, como a registrada no fim da
década de 1870 e que deixou centenas de milhares de mortos.
Ainda que os dados de 2024 cheguem até a abril, os baixos
níveis de chuva e o estresse na vegetação, fator de risco também para
incêndios, mostram que o Brasil está num caminho de anos cada vez mais secos,
segundo o instituto.
O índice usado pelo Cemaden é o Índice de Precipitação
Padronizado de Evapotranspiração (SPEI, na sigla em inglês), calculado a partir
da quantidade de chuva que cai e da quantidade de água liberada em evaporação e
transpiração das plantas.
Entre 0 e -1, segundo a pesquisadora Ana Paula Cunha,
especialista do Cemaden em secas, a situação é considerada abaixo da média.
Abaixo de -1, o índice representa um patamar de seca mais intensa. Dessa forma,
o país está na situação desde outubro de 2023, e atingiu -1,94, o pior
indicador da série histórica, em março deste ano.
Ainda, ela afirma que os dados depois de abril de 2024 devem
continuar na baixa, já que correspondem ao início do período de estiagem.
Já o boletim de monitoramento de secas de agosto, publicado
pelo Cemaden na terça (3), aponta que 3.978 municípios brasileiros estavam em
algum nível de seca, com 201 deles na situação extrema, a pior registrada. O
estado com a maior parte deles era São Paulo (82), seguido por Minas Gerais
(52) e Mato Grosso (24).
O número, segundo previsão do centro, pode chegar a 4.583
neste mês. O índice integrado de secas do instituto considera o déficits de
chuva e umidade do solo e a secura na vegetação.
A situação tende a se estender, porque as chuva devem
atrasar, com chance de intensificação da seca em toda a região central e no
Norte do país, segundo o centro. Nas últimas 24 horas, segundo o Serviço
Geológico do Brasil, o nível do rio Negro em Manaus caiu 25 cm, assim como o do
Solimões em Manacapuru (AM).