r7 -16/10/2023 10:47
Um grupo de pesquisadores da Dinamarca descobriu diferenças
significativas nas microbiotas
intestinais de pessoas que desenvolveram lesões que podem se
transformar em câncer
colorretal, quando comparadas às de indivíduos que não as tiveram.
O estudo, apresentado neste domingo (15), na UEG Week 2023,
evento da United European Gastroenterology, acompanhou mais de 700
participantes entre os anos 2000 e 2022.
Os participantes tiveram amostras de fezes coletadas de 2000
a 2015. As amostras de fezes dessa etapa foram coletadas antes que os
participantes desenvolvessem lesões ou câncer colorretal.
As amostras de fezes de 2015 em diante foram coletadas após
alguns participantes terem desenvolvido lesões ou câncer colorretal.
Os pesquisadores compararam os microbiotas intestinais dos
participantes com base nas amostras de fezes coletadas nas duas fases do
estudo.
Eles descobriram que os indivíduos que desenvolveram lesões
ou câncer colorretal tinham microbiotas intestinais diferentes dos indivíduos que
não desenvolveram nenhuma dessas condições.
Embora não tenhamos investigado mecanismos neste estudo, é
sabido de pesquisas anteriores que algumas das espécies bacterianas
identificadas podem ter propriedades que poderiam contribuir para o
desenvolvimento de lesões colônicas. Por exemplo, uma bactéria chamada Bacteroides
fragilis é conhecida por produzir uma toxina que pode levar à inflamação
crônica de baixo grau no intestino. A inflamação prolongada é considerada
potencialmente genotóxica e cancerígena, o que significa que pode causar danos
genéticos e promover o câncer", explica o autor principal do estudo, o
pesquisador Ranko Gacesa, do Centro Médico da Universidade de Groningen.
O trabalho abre caminho para que bactérias intestinais
possam ser usadas na criação de novos exames para a detecção precoce do câncer
colorretal.
Os tumores colorretais de início precoce, que acometem
pessoas com menos de 50 anos, devem se tornar em breve a principal causa de
morte por câncer de indivíduos entre 29 e 50 anos nos Estados Unidos, segundo
estimativas oficiais.
Desde o início da década de 1990, a incidência ajustada por
idade desse tipo de câncer aumentou a um índice de 2% a 4% ao ano em muitos
países, incluindo o Brasil, com crescimento ainda mais acentuado entre indivíduos
com menos de 30 anos. O Inca (Instituto Nacional do Câncer) estima que
anualmente surgirão 44 mil casos aqui.
A maioria dos cânceres colorretais tem origem em
crescimentos chamados pólipos, localizados no revestimento interno do cólon ou
reto. Embora nem todos os pólipos se transformem em câncer, alguns tipos podem
sofrer essa mudança ao longo de muitos anos. A probabilidade de um pólipo
evoluir para câncer varia conforme o tipo em questão.