noticias ao minuto -01/09/2024 00:09
O Rio Solimões chegou ao menor nível da história no trecho
que passa pela cidade de Tabatinga, no Amazonas, de acordo com relatório
divulgado pelo Serviço Geológico Brasileiro (SGB) nesta sexta-feira, 30. O
nível medido do rio foi de -94 cm. Antes, o nível mais baixo registrado nesse
trecho havia sido de -86 cm, em 2010.
O número negativo não significa que o rio esteja sem água,
explica o SGB. Na realidade, o índice indica que a água está abaixo do nível de
referência definido em cada estação de medição. No caso do trecho em questão,
também foi registrado um número negativo em 2023, com -72 cm.
"O Solimões chegou às cotas mais baixas de maneira
antecipada", afirmou o gerente de Hidrologia e Gestão Territorial da
Superintendência Regional de Manaus (SUREG-MA), Andre Martinelli, em comunicado
do SBG. "Nas duas únicas vezes em que observamos cotas negativas, 2010 e
2023, a mínima foi atingida somente em outubro. Por essa análise, e diante da
previsão de chuvas abaixo do esperado para as próximas duas semanas, as
projeções indicam que o cenário pode se agravar".
A situação crítica no Solimões pode influenciar outros rios
da região, pois o rio está na cabeceira da Bacia do Amazonas. De acordo com o
boletim hidrológico, os rios Acre e Madeira também registraram medições
particularmente baixas.
Segundo especialistas, o aquecimento global vai tornar os
extremos climáticos cada vez mais graves e frequentes. A floresta tem
enfrentando estiagens severas, o que a torna mais suscetível a queimadas. No
primeiro semestre, a Amazônia bateu recorde de focos de incêndio.
No Madeira em Porto Velho, o nível estava em 134 cm, o
segundo menor já registrado. A água desceu 7 cm em uma semana. A pior medição
ocorreu no ano passado, quando a água bateu em 110 cm. Já no trecho do Rio Acre
na cidade de Rio Branco, a medição foi de 131 cm, a terceira menor da série
histórica. Os piores níveis ocorreram em 2022 e 2016.
O relatório também aponta situação preocupante nos rios
Amazonas e Negro. No primeiro, o nível da água desceu 18 cm em Itacotiara (AM)
e 14 cm em Parintins (AM), atingindo patamar abaixo da normalidade do período.
No Rio Negro, a descida foi de 10 cm em Barcelos (AM). Isso faz com que o nível
d'água esteja 40 cm abaixo do normal naquele trecho.
"No baixo Amazonas, onde estão as cidades de
Itacoatiara e Parintins, também existe maior chance de observarmos cotas
críticas, visto que o Madeira também está caminhando para níveis
históricos", afirmou Martinelli.
O documento analisou o período de 30 de julho a 28 de agosto
de 2024. Esse mês foi de chuvas abaixo do normal em várias bacias da região
amazônica.
Na semana passada, o SGB havia divulgado previsões de quais
rios poderiam atingir as cotas mínimas em 2024. O trecho do Solimões em
Tabatinga foi um dos quais o serviço emitiu alerta. Também há risco de seca
histórica no Solimões em Fonte Boa (AM, 53% de ficar abaixo do mínimo
histórico) e em Itapéua (AM, 31%). Em Beruri (AM), o rio Purus tem 34% de
probabilidade de atingir o mínimo histórico. Em Manaus (AM), o rio Negro tem
16% de probabilidade e em Itacoatiara (AM), o rio Amazonas tem 14%.