folhapress -04/01/2025 08:39
O ano de 2024 foi o mais quente já registrado no Brasil, segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A média de 25,02°C verificada para o ano passado é a maior desde 1961, ponto de partida da série histórica do órgão oficial de meteorologia brasileiro.
O desvio médio de temperatura foi de 0,79°C, considerando a
série de 1991 a 2020.
Os dados completos confirmam a tendência apontada em
informações parciais, com dados até novembro, de que 2024 tomaria o lugar de
2023 como o ano mais quente do país, como mostrou reportagem da Folha de
S.Paulo da última segunda-feira (30).
De acordo com comunicado do Ministério da Agricultura e
Pecuária, ao qual o Inmet é vinculado, foi verificada "uma tendência de
aumento estatisticamente significativo das temperaturas ao longo dos anos"
nos desvios de temperaturas médias, que pode estar associada à mudança no clima
em decorrência da elevação da temperatura global e mudanças ambientais
locais."
A anomalia é uma variação -positiva ou negativa- de uma
temperatura em relação à linha de base. No caso, a mais alta até então havia
sido a de 2023, com 0,69°C. Essa média é feita com ao menos 30 anos de dados,
segundo a meteorologista Andrea Ramos, e é usada para fazer as observações de
desvios.
"É importantíssima, é a anomalia que define o quanto
ficou acima ou abaixo da média, seja em temperatura ou em chuva e umidade. A
partir de uma estação meteorológica convencional, que tem mais de 30 anos de
dados, podemos gerar essa climatologia, com valores de referência", disse
a especialista.
Já era esperado que 2024 estivesse entre os anos de calor
recorde, situação que pode ser explicada, por exemplo, pela combinação de
oceanos e continentes mais quentes, em razão das mudanças climáticas e pelos
efeitos do El Niño.
Um possível refresco com o La Niña, caracterizado pelo
resfriamento da superfície do oceano nas porções central e oriental do Pacífico
Equatorial, fica cada vez mais fraco e distante, segundo previsões da OMM
(Organização Meteorológica Mundial), agência ligada à ONU (Organização das
Nações Unidas).
No Brasil, geralmente o La Niña muda a distribuição de
chuvas, com precipitação maior nas regiões Norte e Nordeste e menor no Sul e
Centro-Oeste. As temperaturas costumam ficar mais baixas no país.
No cenário mundial, já é dado por certo que 2024 será o ano
mais quente da história da humanidade, segundo o observatório Copernicus, da
União Europeia.
Com a confirmação de que novembro foi mais um mês com
temperaturas escaldantes, os cientistas do órgão calcularam ser impossível que
2024 não supere a marca anterior, que é de 2023.
Os pesquisadores europeus apontam que a marca será a maior
dos últimos 125 mil anos. A conclusão inclui a análise de vestígios do ambiente
pré-histórico, necessária para saber as temperaturas da Terra muito antes da
existência dos termômetros.