cnn -09/07/2024 19:35
Lisa Pisano, a primeira pessoa com suporte circulatório
mecânico (que ajuda o coração a bombear sangue pelo corpo) a receber um transplante
de rim de porco, morreu no último domingo (7). A informação foi confirmada pelo
centro médico Langone Health, na Universidade de Nova York, onde ela fez a
cirurgia.
Pisano, que tinha 54 anos, recebeu o
transplante em 12 de abril, mas o órgão falhou e precisou ser removido em
29 de maio.
O caso dela foi o primeiro de transplante de órgão em uma
pessoa com suporte circulatório mecânico e o segundo envolvendo o transplante
de um rim de porco geneticamente modificado transferido para um ser humano,
sendo o primeiro contendo a glândula timo do animal.
O primeiro transplante de um rim de porco em um humano foi
feito em março deste ano, por
um médico brasileiro, nos Estados Unidos.
Segundo o Dr. Robert Montgomery, diretor do Instituto de
Transplantes de Langone, “Pisano foi corajosa e altruísta”, conforme o médico
disse em comunicado divulgado nesta terça-feira (9).
Em coletiva de imprensa logo após o procedimento médico, na
época, Pisano disse que mesmo que o transplante não funcionasse para ela,
poderia funcionar para a próxima pessoa. “Pelo menos alguém vai ter benefício
com isso”, falou.
Ainda segundo o comunicado, Montgomery disse que “as
contribuições de Lisa para a medicina, cirurgias e xenotransplante não
podem ser exageradas… Lisa nos ajudou ao nos aproximar de um futuro em que uma
pessoa não precisa morrer para que outra pessoa sobreviva”.
A cada oito minutos, outra pessoa é adicionada à lista de
espera de transplante. E 17 pessoas dessa lista morrem diariamente enquanto
aguardam por um órgão, segundo a Organ Procurement and Transplantation Network.
O xenotransplante, que envolve o uso de órgãos de outras espécies, é uma
solução potencial para a escassez de órgãos de doadores disponíveis, segundo
especialistas.
Médicos nos Estados Unidos realizam xenotransplantes em
casos raros, com a permissão da Food and Drug Administration (FDA), órgão
regulador do país. Para Pisano, a autorização ocorreu por meio da política de
acesso expandido ou “uso compassivo” da agência, que permite que pacientes
terminais sem outras opções tenham acesso aos procedimentos médicos
experimentais.
Devido à insuficiência cardíaca de Pisano e à sua doença
renal em fase terminal, com necessidade diária de diálise, ela não pôde fazer um
procedimento padrão. Antes do xenotransplante, Pisano disse que “havia tentado
de tudo”, e, com a cirurgia, esperava que teria mais tempo para passar com seus
netos.
O rim de porco que ela recebeu foi geneticamente alterado
para escapar dos anticorpos humanos, que tipicamente detectam e atacam corpos
estranhos. A glândula timo do porco, que desempenha um papel chave na
imunidade, foi colocada sob a cobertura do rim do porco para ajudar ainda mais
o corpo de Pisano a aceitar o órgão.
No entanto, o rim foi removido em maio, após ter sido
determinado que “não estava mais contribuindo o suficiente para justificar a
continuação do regime de imunossupressão”. A fala foi feita por Montgomery na
época.
“A coragem de Pisano deu esperança para milhares de pessoas
que vivem com insuficiência renal ou cardíaca em estágio terminal e que em
breve poderão se beneficiar de um fornecimento alternativo de órgãos”,
continuou médico no comunicado desta terça-feira (9).
“Seu legado como pioneira viverá e ela sempre será lembrada
por sua coragem e boa natureza.”