g1 -10/06/2024 21:48
Um grupo de consultores da FDA, a Agência de Alimentos e
Medicamentos dos Estados Unidos, votou por unanimidade nesta segunda-feira (10)
a favor dos dados de eficácia do donanemab, um medicamento que retardou a
progressão do Alzheimer em 60% para pacientes nos estágios iniciais da
doença.
O comitê também afirmou que os benefícios do
medicamento superam os possíveis riscos para pacientes nesses estágios
iniciais.
A votação abre caminho para uma decisão final da FDA sobre o
tratamento, que inicialmente era esperada para o início deste ano, antes de a
agência convocar a reunião para que seu painel independente de especialistas
pudesse opinar.
A FDA, porém, não é obrigada a seguir o conselho do grupo de
especialistas, mas é o que geralmente acontece.
Resultados sobre a eficácia da droga da gigante farmacêutica
Eli Lilly foram publicados no ano passado na revista científica Jama (Journal
of the American Medical Association).
As descobertas ressaltam que "a detecção e o
diagnóstico precoces podem realmente mudar a trajetória dessa doença",
disse à época Anne White, presidente de neurociência da Lilly.
👉 O que é o donanemab? É
um anticorpo projetado para eliminar uma substância chamada beta-amilóide. A
amilóide se acumula nos espaços entre as células cerebrais, formando placas que
são características da doença de Alzheimer.
Números do estudo:
O ensaio clínico incluiu 1.736 pacientes com Alzheimer
leve, de 60 a 85 anos. A droga experimental retardou a progressão do
Alzheimer em 60% nesses casos.
Os resultados foram menos robustos em pacientes mais velhos
e pacientes com níveis mais avançados da doença.
O inchaço cerebral foi um efeito colateral comum
em até um terço dos pacientes. Para a maioria, foi resolvido sem causar
sintomas — mas três voluntários morreram devido ao inchaço.
Metade dos pacientes conseguiu interromper o tratamento
após um ano, porque havia eliminado depósitos cerebrais suficientes.
Os participantes tratados com donanemab também tiveram
um risco 39% menor de progredir para o próximo estágio clínico da doença durante
o estudo de 18 meses.
Abaixo, veja mais detalhes sobre o estudo:
Efeitos colaterais
- Inchaço cerebral: O estudo mostrou que o inchaço
cerebral, um efeito colateral conhecido de drogas como donanemab, ocorreu em
mais de 40% dos pacientes com predisposição genética para desenvolver a doença
de Alzheimer.
A empresa havia relatado anteriormente que 24% do grupo
geral de tratamento com donanemab apresentava inchaço cerebral.
- Hemorragia cerebral: ocorreu em 31% do grupo
donanemab e cerca de 14% do grupo placebo.
As mortes de três pacientes do estudo estavam ligadas ao
tratamento, relataram os pesquisadores.
"Esses efeitos colaterais não devem ser menosprezados,
mas a maioria dos casos foi controlada por monitoramento com ressonância
magnética (MRI) ou interrupção do medicamento", disse a investigadora do
estudo, Liana Apostolova, professora de pesquisa da doença de Alzheimer na
Escola de Medicina da Universidade de Indiana.
Os médicos provavelmente usarão "uma triagem de
segurança de ressonância magnética muito rigorosa enquanto tratamos esses
pacientes", disse ela.
Tratamento
A farmacêutica disse que o efeito do tratamento com
donanemab continuou a aumentar em relação ao placebo ao longo do teste de
18 meses, mesmo para os participantes que foram retirados do medicamento depois
que seus níveis de depósitos amiloides caíram significativamente.
"No final do estudo, o paciente médio estava sem
medicamento por sete meses e ainda assim continuou a se beneficiar", disse
White.
Ela disse que as descobertas apoiam a ideia de que o
donanemab pode ser interrompido assim que o amiloide for eliminado do cérebro.
A empresa disse em maio de 2023 que o estudo atingiu
todos os seus objetivos, mostrando que o donanemab retardou o declínio
cognitivo em 29% em comparação com um placebo em 1.182 pessoas com
comprometimento cognitivo leve ou demência leve cujos cérebros tinham depósitos
de duas proteínas-chave do Alzheimer, beta-amiloide e tau.
Para pacientes com tau alta, donanemab mostrou retardar a
progressão da doença em cerca de 17%, enquanto o benefício foi de 35% para
aqueles com níveis de tau baixos a intermediários.
Os resultados completos do estudo foram apresentados na
Conferência Internacional da Associação de Alzheimer em Amsterdã e publicados
no JAMA.