moises eustaquio/ia -06/08/2025 09:33
Por um
fotógrafo que crê na eternidade dos olhares
Há imagens que não precisam ser reveladas para permanecerem
vivas. Algumas, como a que guardo de José Rafael dos Santos de Souza, não foram
tiradas por câmeras — mas gravadas, com ternura, na alma.
Com apenas dois anos de idade, José Rafael era um desses raros
seres que, mesmo tão pequenos, pareciam carregar dentro de si uma luz antiga,
quase celestial. Seus olhos tinham brilho de alvorada e seu sorriso, quando
surgia, dissolvia o peso do mundo ao redor.
Como fotógrafo, aprendi a capturar gestos, ângulos, detalhes
— mas há coisas que escapam até da melhor lente: o calor de um abraço, a pureza
de uma risada infantil, o cheiro de esperança que só uma criança transmite.
José Rafael era tudo isso: um instante de pureza em forma de menino.
A morte, essa ladra silenciosa, o levou cedo demais. Mas não
apagou sua presença. Seu reflexo ainda está nas lembranças da família, nos
brinquedos guardados, na brisa que passa pelas janelas em silêncio. Sua imagem
— embora breve — é eterna.
Hoje, em homenagem, não ofereço um retrato impresso. Ofereço
palavras. Palavras como se fossem luz, como se fossem foco, tentando alcançar o
que a câmera jamais conseguiria: a dimensão imensurável do amor por esse
menino.
Que sua memória floresça em cada flor do quintal, em cada
estrela da noite andradinense. E que o tempo, com delicadeza, ensine a
transformar a dor da ausência na beleza da lembrança.
José Rafael, você foi um sopro divino. E mesmo partindo tão cedo, ficará para sempre enquadrado no mais precioso dos lugares: o coração dos que o amaram.