cnn -13/10/2024 22:11
O publicitário Washington Olivetto morreu neste domingo
(13), no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pela assessoria de
imprensa de Olivetto.
O Hospital Copa Star, onde o publicitário estava internado,
emitiu nota lamentando a morte e se solidarizando com a família e amigos.
Contudo, não foi autorizado divulgar mais detalhes.
O publicitário tinha 73 anos e foi responsável por algumas
das campanhas publicitárias mais marcantes do país.
Olivetto nasceu em 1951, residente do bairro da Lapa, em São
Paulo. Em entrevista de 2008, revelou que uma de suas inspirações para embarcar
na carreira publicitária foi o pai, que atuava como vendedor.
Com 17 anos, começou a cursar publicidade na Fundação
Armando Álvares Penteado (FAAP), mas não chegou a concluir os estudos. A
carreira profissional começou em 1969, aos 18, quando foi contratado como
redator de uma agência de publicidade. Cinco anos mais tarde, viria a ganhar
seu primeiro Leão de Ouro.
Mas o grande nome de sua carreira seria consolidade ao lado
dos sócios Javier Llussá Ciuret e Gabriel Zellmeister, com quem Olivetto fundou
em 1986 a agência W/Brasil.
Uma das características marcantes de seus trabalhos era a
musicalidade. Em comerciais para a marca de sandálias Grendene Rider, Olivetto
trouxe a voz de artistas como Jota Quest e, em mais de uma ocasião, de Tim
Maia. Em duas ocasiões, “o síndico” estampou as campanhas com os sucessos
“Descobridor dos Sete Mares” e “Como Uma Onda”, composta por Lulu Santos.
A agência também deu nome a uma canção de Jorge Ben Jor,
“W/Brasil (Chama o Síndico)”. A composição foi inspirada em uma conversa entre
Olivetto e Ben Jor, durante uma festa da empresa, e homenageia Tim Maia.
Mas o seu reconhecimento estava em campanhas marcantes, que
alcançaram reconhecimento internacional.
No vídeo Hitler (1989), feito para a Folha de
S.Paulo, a discussão gira em torno de como meias verdades podem manipular
informações. Já em Primeiro Sutiã (1987), para a Valisère, a campanha
tocou em tabus e buscou naturalizar a conversa sobre puberdade e amadurecimento
feminino.
Os dois são os únicos comerciais brasileiros selecionados
pela jornalista norte-americana Berneci Kanner na lista dos 100 maiores
comerciais da história.
Ao longo de sua carreira, conquistou
mais de 50 Leões no Festival de Publicidade de Cannes, apenas na
categoria “Filmes”, de acordo com sua página oficial na internet.
Olivetto foi a mente criativa por trás de grandes peças da
publicidade. Foi ele quem criou o famoso “garoto Bombril“, que protagonizava as
campanhas da Bombril e era interpretado pelo ator Carlos Moreno.
Inclusive, a campanha entrou para o Guinness por
ser considerada a publicidade que ficou mais tempo no ar em toda a história da
propaganda mundial. Em 2004, ao fim do contrato com a Bombril, Moreno tinha
gravado 337 comerciais com a empresa.
Já em 1994, o publicitário criou a campanha do “cachorrinho
da Cofap“, para a marca de amortecedores.
Tendo recebido quase mil prêmios em sua história, a W/Brasil
chegou a ser a maior agência em faturamento do país e uma das mais reconhecidas
do mundo. Olivetto é inclusive o único publicitário não anglo-saxão no Hall da
Fama do The One Club de New York e no Lifetime Achievement.
A empresa ainda chegou a ter braços nos Estados Unidos,
Espanha e Portugal.
Em 2010, a agência norte-americana McCann Erickson, um dos
maiores conglomerados de publicidade do mundo, anunciou fusão com a W/Brasil,
que passou a ser conhecida como W/McCann, onde serviu como presidente do
conselho. Quando formada, a marca era uma das 5 maiores agências do Brasil e a
maior do Rio de Janeiro.
Outro destaque dele foi em 1981, quando Olivetto integrou
o movimento
que fundadou a Democracia Corinthiana, que contestou a Ditadura Militar ao
final do regime. Já em 2013, a Gaviões da Fiel o homenageou em desfile de
Carnaval, cujo tema era a história da publicidade brasileira.
Sequestro
Em dezembro de 2001, Washington Olivetto foi barrado em uma
falsa blitz na cidade de São Paulo. O grupo, coordenado por um chileno, manteve
o publicitário em cativeiro por 53 dias.
Ao longo dos quase dois meses de sequestro, os criminosos
estiveram em contato com a família para negociar um pagamento milionário em
troca de sua liberdade.
O grupo se comunicava por bilhetes escondidos em encomendas
enviadas à casa de Olivetto, como flores, latas de tinta e até um pacote de
farmácia.
Olivetto foi libertado após um apagão no Brooklin. Os
sequestradores acreditavam que aquela falta de energia na realidade se tratava
de algo proposital como parte de uma operação da polícia. Eles então deixaram o
cativeiro e abandonaram o publicitário na casa.
Ao escutar os gritos de socorro dele, uma vizinha enfim
chamou a polícia e Olivetto foi resgatado. Todos os envolvidos no sequestro
foram presos.