cnn -13/11/2024 19:06
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Copenhagen,
na Dinamarca, descobriu um novo medicamento para perda de peso que
reduz o apetite, aumenta o gasto calórico e melhora a sensibilidade à insulina
sem causar náusea ou perda de massa muscular. A descoberta foi publicada na
revista Nature nesta quarta-feira (13).
O achado oferece uma alternativa para o desenvolvimento de
novos tratamentos para obesidade e diabetes tipo 2 que sejam mais tolerados
pelos pacientes.
Medicamentos como a semaglutida (Wegovy e Ozempic) e a tirzepatida (Mounjaro) têm ganhado popularidade por levar a uma grande
redução do peso corporal e por seus efeitos no controle da glicemia. No
entanto, eles também são conhecidos por apresentarem efeitos colaterais como
náuseas e vômitos.
“Embora as terapias baseadas em GLP-1 [como a semaglutida e
a tirzepatida] tenham revolucionado o tratamento de pacientes com obesidade e
diabetes tipo 2, aproveitar com segurança o gasto de energia e controlar o
apetite sem náuseas continuam sendo dois Santos Graais neste campo. Ao abordar
essas necessidades, acreditamos que nossa descoberta impulsionará as abordagens
atuais para tornar tratamentos mais toleráveis e eficazes acessíveis a
milhões de indivíduos a mais”, afirma Zach Gerhart-Hines, professor associado
do NNF Foundation Center for Basic Metabolic Research (CBMR), da Universidade
de Copenhague, na Dinamarca, em comunicado
à imprensa.
Para chegar à descoberta, os pesquisadores testaram os
efeitos da ativação do receptor de neurocinina 2 (NK2R) em
camundongos. A equipe identificou esse receptor por meio de triagens genéticas
que sugeriram que ele desempenhava um papel na manutenção do equilíbrio
energético (balanço entre as calorias consumidas na alimentação e gastas
durante o dia) e no controle da glicose.
Os pesquisadores descobriram que a ativação do NK2R aumentou
com segurança a queima de calorias, mas também diminuiu o apetite sem causar
sinal de náusea.
Estudos posteriores feitos em primatas não humanos com diabetes tipo 2 e obesidade mostraram que a ativação do NK2R também
reduziu o peso corporal e reverteu o diabetes, aumentando a sensibilidade à
insulina e diminuindo o açúcar, os triglicerídeos e o colesterol no sangue.
“Um dos maiores obstáculos no desenvolvimento de
medicamentos é a tradução entre camundongos e humanos. É por isso que ficamos
animados que os benefícios do agonismo do NK2R foram traduzidos para primatas
não humanos diabéticos e obesos, o que representa um grande passo em direção à
tradução clínica”, diz Frederike Sass, estudante de doutorado do CBMR, na
Universidade de Copenhagen, e primeira autora do estudo.
Para os cientistas, a descoberta pode levar ao
desenvolvimento de uma próxima geração de terapias medicamentosas para diabetes
tipo 2 e obesidade, com soluções mais eficazes e toleráveis para a população.
Atualmente, a Universidade de Copenhagen detém os direitos de patente do N2KR.