metropoles -08/09/2025 18:33
Angela Ro Ro morreu nesta segunda-feira (8/9), aos 75 anos,
no Rio de Janeiro (RJ). A notícia foi divulgada, em primeira mão, pelo New Mag
e confirmada pelo Metrópoles.
A cantora foi acometida por uma infecção e sofreu uma parada
cardíaca, à qual não resistiu. Ela estava internada desde junho e chegou a
passar 21 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após complicações que
levaram à intubação e à realização de uma traqueostomia.
Angela chegou a apresentar dificuldades de comunicação e
coordenação motora, mas retomou a fala no começo de agosto. Na mesma época, ela lançou
um site para receber doações.
Além de estar com saúde fragilizada, Angela Ro Ro vivia em
situação financeira delicada e, recentemente, voltou a pedir doações para
custear despesas hospitalares. Ela não recebia aposentadoria e contava com cerca de R$ 800 mensais, provenientes de direitos
autorais.
A carreira de Angela Ro Ro
Com mais de 20 discos lançados e quase 80 músicas
registradas em sua discografia, Angela Ro Ro foi cantora, pianista e
compositora.
Conhecida pela voz rouca que lhe rendeu o apelido usado como
nome artístico, ela viveu uma temporada na Europa nos anos 1970, passou por
Roma e depois se estabeleceu em Londres, onde chegou a trabalhar como faxineira
em um hospital. Filha de pai baiano, tinha proximidade com o cineasta Glauber
Rocha, que a apresentou a Caetano Veloso durante o período em que o cantor
estava exilado.
Foi Caetano quem a convidou para participar do hoje cultuado
álbum Transa (1972), tocando gaita na faixa Nostalgia, ao lado de Jards Macalé,
Áureo Martins e Tutty Moreno. Nessa época, já compunha, mas em inglês — músicas
que depois seriam traduzidas para o português.
De volta ao Brasil, começou a se apresentar em casas
noturnas cariocas e despertou o interesse das gravadoras. Seu álbum de estreia
trouxe o sucesso Amor, Meu Grande Amor, que a projetou como um dos grandes
nomes da MPB.
Durante a década de 1980, viveu tanto o auge da carreira
quanto turbulências pessoais. A imprensa frequentemente destacava seu
temperamento explosivo e o envolvimento com drogas. O relacionamento conturbado
com Zizi Possi, que chegou a acusá-la de agressão, também virou assunto
público. Essas experiências acabaram refletindo em sua obra, como no disco
Escândalo (1981).
Nos anos 1990 e 2000, Angela buscou mudanças. Declarou ter
abandonado vícios como o álcool e o cigarro e passou a adotar uma rotina mais
equilibrada. Também experimentou novos caminhos na carreira, como a
apresentação do programa Escândalo, exibido no Canal Brasil entre 2004 e 2005.
Mais tarde, em 2017, retornou com o álbum Selvagem, o primeiro de inéditas após
11 anos.
Um dos episódios mais curiosos de sua carreira envolve a
canção Malandragem, composta por Cazuza especialmente para ela. Angela não se
identificou com a letra e recusou a gravação. A música, no entanto, acabou se
tornando um clássico nos anos 1990 na voz de Cássia Eller.