metropoles -07/03/2025 14:02
Parecem inofensivos, mas o uso indiscriminado de descongestionantes nasais pode causar dependência e agravar problemas respiratórios. Eles são populares por proporcionarem alívio imediato da congestão nasal causada por gripes, resfriados e alergias. Contudo, além de mascarar uma possível doença e atrasar o diagnóstico correto, podem causar sérios danos à saúde, como problemas cardíacos, alterações no sistema nervoso central e internações por intoxicação.
O uso prolongado também pode levar a um ciclo vicioso: o
“efeito rebote”. Esse fenômeno ocorre quando o medicamento perde a eficácia,
fazendo com que o nariz fique ainda mais entupido. Então, o usuário tende a
replicá-lo com frequência crescente.
Dessa forma, o uso contínuo do descongestionante por mais de
três dias pode causar dependência física e psicológica.
O médico otorrinolaringologista e diretor da Clínica OtorrinoDF,
dr. Stênio Ponte, explica que, durante um tempo, o medicamento funciona, mas,
depois, ele piora tudo. “É fundamental que o paciente entenda que a longo prazo
o mau uso vai trazer problemas.”
Vício detectado
De acordo com o médico, o vício no descongestionante nasal se
caracteriza quando a pessoa não vive sem o medicamento no bolso, no trabalho,
em casa; um para cada lugar. Além disso, utiliza-o de três a sete vezes
diárias, ininterruptamente.
Nesse caso, se o paciente ficar sem a substância, ele se
sente ansioso e agoniado. “E isso é um problema, porque causa dependência. Há
pessoas com estoque de descongestionante nasal em casa, o que já é um vício”,
explica.
Para usar o descongestionante, é necessário ter recomendação
médica, segundo Ponte.
“Quando o descongestionante é utilizado indiscriminadamente,
há o aumento de pressão, arritmia, além da rinite medicamentosa, que, devido ao
vício, prejudica, causando uma elasticidade dos vasos sanguíneos”, pondera o
doutor.
Especialista recomenda lavagem nasal em vez do uso de
descongestionante nasal
Na prática, Ponte explica que o vício na solução fecha o
vaso, diminuindo a circulação de sangue e, consequentemente, a estrutura para a
pessoa respirar melhor. “De tanto o vaso abrir e fechar, perde tonicidade e
dilata de uma vez. Depois disso, o medicamento passa a ser o causador do
problema”, reitera.
A época em que mais se usa descongestionante é quando o
clima está úmido, com chuva. Nesse período, aumenta o índice de infecções
respiratórias, como gripe e influenza, que leva à obstrução nasal. “Para as
pessoas que já são viciadas no produto, não importa a estação. Elas usam o
tempo todo”, pontua.
O vício no medicamento se torna perigoso, na visão do
médico, porque, primeiramente, é de fácil acesso e barato. E pode causar rinite
medicamentosa, abstinência, sangramento e até dificuldade no olfato, além de
outros efeitos.
Para evitar o vício no descongestionante, o ideal é seguir a
orientação do médico especialista. “Em alguns casos, recomendamos o uso por
três, cinco a 10 dias, no máximo, para não causar dependência”, reforça.
Dr. Stênio recomenda que a melhor forma de aliviar a
obstrução é a lavagem com soro fisiológico, de maneira natural. “As lavagens
nasais não têm efeito maléfico e dão sensação de alívio. Quem faz esse tipo de
lavagem, tende a usar menos medicamentos, o que evita a automedicação.”
Inclusive, a principal queixa das pessoas que recorrem ao
descongestionante nasal é estar com o nariz entupido ao deitar-se ou, ainda,
quando ficam o dia inteiro com as narinas obstruídas, secas ou até irritadas.
Dicas para desobstrução nasal saudável:
Lavagem nasal com soro fisiológico sob orientação
profissional.
Evitar automedicação.
Consultar um médico otorrinolaringologista para orientar
o desmame racional.
Tratamento
O tratamento do vício envolve a suspensão gradual do uso do
descongestionante, com devido acompanhamento médico. Nesse caso, existem
técnicas para fazer o desmame dessas substâncias.
Em algumas situações, é necessário o uso de medicamentos
corticoides para reduzir a inflamação nasal. Além disso, soluções salinas e
medidas como umidificadores de ar podem ajudar no alívio dos sintomas. A
orientação médica é fundamental para o uso seguro desses medicamentos.
O dr. Stênio ressalta que o uso de medicamentos como
Neosoro, Naridrin ou Afrin trazem problemas para a saúde, como arritmia,
dependência ou até mesmo rinite medicamentosa.
Outros efeitos colaterais incluem irritação nasal,
hemorragias e, em casos extremos, alterações na frequência cardíaca e na
pressão arterial, principalmente em pessoas com histórico de hipertensão.