noticias ao minuto -15/08/2024 08:20
Recente pesquisa publicada no JAMA Network Open demonstra
que a catarata, maior causa de cegueira tratável no mundo, diminui o volume
cerebral e aumenta em 92% o risco de demência vascular. Esta é a principal
conclusão de pesquisadores da Universidade da Califórnia que analisaram
variantes genéticas de 305 mil participantes com idade de 55 a 70 anos
pertencentes ao UK Biobank,maior repositório mundial de dados anônimos de
pacientes para pesquisa genética. Os pesquisadores também observaram que além
da demência vascular, a catarata pode estar associada à doença de Alzheimer e
outros tipos de demência.
Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto
Penido Burnier, este e outros estudos que encontraram correlação entre
problemas de visão e demência, reforçam a importância do investimento em
políticas públicas que ampliem o acesso à saúde ocular não só no Brasil, mas em
todo o mundo. Isso porque a catarata é a maior causa de cegueira global
tratável. No hospital uma inciativa realizar até o final do ano 570 cirurgias
de catarata através de Fundação Penido Burnier que este ano recebeu aporte de
emendas impositivas para aumentar o número de cirurgias pelo SUS. “É um
trabalho muito gratificante ver a satisfação dos pacientes, alguns próximos a
se tornarem centenários planejando a retomada de atividades no primeiro retorno
da cirurgia”, comenta emocionado.
Como a cirurgia reduz o risco de demência
Queiroz Neto afirma que dados do CBO (Conselho Brasileiro de
Oftalmologia) do qual faz parte, mostram que no Brasil surgem 500 mil novos
casos de catarata/ano. A estimativa do Ministério da Saúde é de que hoje cerca
de 1,2 milhão de brasileiros vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos
casos são diagnosticados por ano. Um dos sinais de início de demência,
explica, é a falta de reflexo visual em pacientes que não apresentam alterações
na acuidade visual, mas tem dificuldade de processar a imagem. “Embora o
Alzheimer seja irreversível, diversos estudos mostram que a cirurgia de
catarata diminui o risco de todo tipo de demência por um custo bastante
pequeno”, pontua. Isso ocorre, explica, porque a restauração da visão
aumenta a prática de atividades físicas e as interações sociais, além de
abrandar a atrofia do córtex visual através da maior entrada de luz no cérebro.
O que é, fatores de risco e sintomas
O especialista explica que a catarata é o embaçamento do
cristalino, lente interna do olho que conduz as imagens até a retina. A
principal causa da condição é o envelhecimento, mas pode também ocorrer por
trauma, falta de proteção à radiação UV emitida pelo sol,diabetes, exposição ao
sol sem lentes com proteção ultravioleta, tabagismo, vape e pelo uso contínuo
de alguns medicamentos, entre eles os corticoides, estatinas e antidepressivos.
Os sintomas que indicam necessidade de operar são: Troca
frequente de óculos; Enxergar halos ao redor da luz; Perda da visão de
profundidade e de contraste; Fotossensibilidade; dificuldade de dirigir à
noite; Dificuldade de adaptação a diferentes intensidades de luz; Lentidão no
andar e maior propensão a quedas.
A cirurgia
Único tratamento para catarata, consiste em substituir o
cristalino opaco por uma lente que é implantada dentro do olho. Queiroz Neto
explica que é realizada com anestesia local, tem duração de 10 a 20 minutos e
no mesmo dia o paciente retorna para casa. Após a operação o mais importante é
instilar os colírios conforme a prescrição do cirurgião para evitar a
contaminação do olho.
Porque as pessoas têm medo de operar
Para o oftalmologista a maior causa do medo de operar é a
falta de informação. “Naturalmente, como toda cirurgia a de catarata não está
completamente isenta de riscos”, salienta. O grau de segurança é bastante alto
e adiar a cirurgia é optar por menor qualidade de vida, pontua.
Prevenção
Queiroz Neto afirma que quem viver um dia vai ter catarata,
já que o principal fator de risco é o envelhecimento. Para adiar a
cirurgia recomenda: Consulte um oftalmologista regularmente; No sol use lentes
que filtrem 100% a radiação UV; Evite fumar; Reduza o consumo de bebidas
alcoólicas; Inclua na dieta antioxidantes como as folhas verde escuro; Use
óculos de proteção nos esportes e outras atividades de risco; Mantenha a
glicemia e o glaucoma sob controle, finaliza.