Bebê sobrevive a 22 paradas cardíacas e emociona ao voltar para casa

portal da prefeitura -03/08/2025 22:39

Enrico nasceu com duas cardiopatias congênitas: comunicação interatrial e comunicação interventricular, alterações na estrutura do coração detectadas logo após o parto. 


A história do jovem Enrico Doriquetto, que tem apenas 1 ano e 2 meses de idade, causou comoção quando ele sobreviveu a 22 paradas cardíacas enquanto enfrentava complicações em uma “cirurgia” no coração.

O bebê de Cachoeiro de Itapemirim foi liberado no final de julho, depois de um momento crítico em que, conforme informado pela família, foi considerado morto por uma equipe médica em um hospital privado de Vitória, Espírito Santo.

Enrico nasceu apresentando duas cardiopatias congênitas: comunicação interatrial e comunicação interventricular, que são modificações na estrutura do coração identificadas logo após o seu nascimento. Foi alertado pelos médicos, desde o momento do diagnóstico, que ele precisaria ser submetido a uma “cirurgia” antes de atingir dois anos de idade. A intervenção ocorreu no dia 4 de julho em um “hospital” particular localizado na capital capixaba.

De acordo com Evandro Doriquetto e Eliza Bravim, os pais, os médicos consideraram a “cirurgia” um sucesso e comunicaram que a implantação de um marcapasso não seria necessária. Nos dois primeiros dias, a recuperação parecia estar indo bem. No entanto, a situação se deteriorou dois dias depois. Enrico teve uma convulsão enquanto estava nos braços de sua mãe, e logo depois, sofreu uma parada cardíaca.

Família relata sequência de reanimações 

A família relata que, a partir dessa etapa, o “bebê” passou por uma série de paradas cardiorrespiratórias. Em uma única tarde, os pais registraram quatro ocorrências onde o coração do garoto parou e necessitou ser ressuscitado. No dia posterior, ocorreram mais dez incidentes similares num período de 90 minutos. Durante a última dessas paragens, a equipe médica levou aproximadamente cinco minutos para reanimá-lo.

Durante essa fase, conforme o pai relatou, os médicos comunicaram que o pequeno não havia sobrevivido. A equipe médica desativou os equipamentos e permitiu que a família se despedisse do menino. A “notícia” da morte foi até transmitida a parentes e amigos. Com o coração partido, os pais esperavam o Instituto Médico Legal, que supostamente tinha sido chamado para retirar o corpo.

Coração volta a bater após diagnóstico de morte 

Evandro, que tinha temporariamente deixado o quarto para chorar enquanto esperava, decidiu retornar e notou que Enrico parecia estar respirando. Ele chamou a equipe médica, que confirmou que o coração do bebê havia reiniciado seus batimentos, embora fracos. Durante um dos momentos mais angustiantes da internação, a família experimentou uma reviravolta inesperada na situação, que apenas alguns minutos antes parecia sem solução.

Depois de um novo acompanhamento, os profissionais de saúde detectaram que a falta de um marcapasso era a causa de todas as complicações após a cirurgia. O dispositivo foi então implantado, resultando em mais dez dias de Enrico na UTI. No dia 20 de julho, ele conseguiu respirar sem o auxílio de máquinas pela primeira vez.

Exames não apontam sequelas neurológicas 

Depois do susto inicial, os testes neurológicos realizados no hospital não apontaram nenhuma sequela. O bebê foi liberado com instruções médicas para começar a terapia com fisioterapeuta e fonoaudiólogo, devido ao período que esteve entubado.

Evandro e Eliza celebraram o retorno para casa como um renascimento. “Os médicos não vão falar em milagre, mas eu falo”, desabafou o pai, emocionado, ao lembrar dos momentos em que acreditou ter perdido o filho. 

Cardiologista explica o caso 

O especialista em cardiologia intervencionista, Vinícius Fraga Mauro, esclareceu ao G1 que, na área pediátrica, um declínio na frequência cardíaca de um bebê para menos de 60 batidas por minuto já é considerado uma parada cardíaca. Ele também ressaltou que em situações críticas, semelhantes ao caso de Enrico, os episódios podem ser vistos como um único evento prolongado, com várias tentativas de reanimação.

O especialista declarou que as crianças possuem uma resistência mais elevada a prolongados períodos de “hipóxia”, situação onde o coração não consegue bombear sangue suficiente para o cérebro. Ele também salientou que a rapidez nas ações de ressuscitação é crucial para prevenir sequelas.

Hospital confirma atendimento 

A Unimed Vitória, encarregada do “hospital” onde Enrico foi hospitalizado, declarou em uma nota que o menino recebeu toda a assistência requerida. Segundo eles, o tratamento foi administrado de acordo com os protocolos médicos e as diretrizes dos órgãos reguladores. A instituição se absteve de comentar a informação de que a criança teria sido erroneamente declarada morta.

A trajetória de Enrico ressoa como um emblema de força e resistência. Depois de dias preenchidos com incertezas, o pequeno retornou para o seio familiar, onde atualmente recebe os cuidados imprescindíveis para prosseguir com sua recuperação.