metropoles -22/09/2025 09:04
O espirro, um reflexo de defesa do corpo, ocorre quando o
nariz detecta a presença de partículas irritantes, como poeira, fumaça, pólen
ou microrganismos, e precisa expulsá-las rapidamente. Para isso, o organismo
libera uma forte corrente de ar pelo nariz e pela boca.
Apesar de natural e necessário, muitas pessoas tentam segurar o espirro em situações de constrangimento ou
por reflexo. Mas, o que parece um hábito simples pode trazer riscos
inesperados. Isso porque a pressão que deveria ser liberada pelo nariz e pela
boca acaba se deslocando para dentro do corpo.
Especialistas ouvidos pelo Metrópoles alertam que
esse bloqueio pode atingir regiões delicadas, como ouvido médio, garganta e
vasos sanguíneos da cabeça, provocando complicações que podem ir de dor momentânea até quadros mais
graves, mesmo que raros.
Riscos de segurar espirro
Ao bloquear o espirro, a pressão que deveria ser liberada
pelo nariz e pela boca se acumula em estruturas internas, como faringe, ouvido
médio e vasos sanguíneos da cabeça e do pescoço. Esse movimento é dezenas de
vezes mais intenso do que uma respiração normal.
Normalmente, o ar expelido durante o espirro tem força
suficiente para colocar secreções e agentes irritantes para fora do nariz.
Quando isso não acontece, as partículas podem ser deslocadas para regiões onde
não deveriam estar, como o ouvido médio, favorecendo inflamações e até
infecções.
“Deve-se reforçar que o saudável é não bloquear a passagem
do espirro. Quando você bloqueia ambas estruturas, boca e nariz, você tem uma
pressão fechada, um ambiente fechado. A chance de rompimento de vaso, de
pressão no ouvido e de dor de cabeça é muito maior”, explica Larissa Camargo,
médica otorrinolaringologista do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.
Embora complicações graves sejam raras, já foram registradas
hemorragias nasais e oculares, ruptura de vasos, deslocamento de cartilagem
nasal, perfuração do tímpano e até pneumotórax — quando o ar invade o espaço
entre pulmão e parede torácica.
O ouvido médio é especialmente vulnerável, pois está ligado
à garganta pelo canal chamado de tuba auditiva. A pressão concentrada nessa
região pode causar dor, sensação de ouvido entupido e, em casos extremos,
perfuração da membrana timpânica.
O esforço de bloquear simultaneamente nariz e boca aumenta
consideravelmente o risco. Sem uma saída natural, o ar fica aprisionado,
elevando a possibilidade de dores de cabeça intensas e de rompimento de
estruturas mais frágeis.
Principais riscos de segurar espirro
Danos ao ouvido médio e infecções secundárias.
Deslocamento de cartilagem nasal e dor de cabeça intensa.
Lesões nas vias respiratórias.
Ruptura de vasos sanguíneos.
Pneumotórax.
A pressão pode atingir a região dos ouvidos,
podendo causar dor, zumbido ou até perda auditiva temporária
Quem corre mais riscos ao segurar espirro
O médico otorrinolaringologista Thiago Zaga, de São Paulo,
esclarece que algumas pessoas estão mais propensas a complicações, como quem
sofre de rinite ou sinusite, por exemplo. Nessas situações, a pressão ao
segurar o espirro se torna ainda mais elevada.
“Esses indivíduos já apresentam vias aéreas inflamadas e
congestionadas, o que aumenta a resistência à passagem de ar. Segurar o espirro
potencializa ainda mais a pressão intranasal, elevando o risco de dor,
sangramentos nasais e complicações no ouvido”, detalha Zaga.
Crianças e idosos também merecem atenção especial. No caso
das crianças, o acúmulo de secreção pode ser empurrado para o ouvido médio,
desencadeando otite e perda auditiva temporária. Já os idosos possuem vasos
mais frágeis e tendência a pressão arterial elevada, o que aumenta as chances
de sangramentos oculares e nasais.
Espirro como sinal de defesa
Apesar de muitas pessoas associarem o espirro a doenças, ele
nem sempre indica um problema de saúde. Trata-se de um reflexo natural que
reage a irritantes, o que evita que essas partículas cheguem aos pulmões.
Por isso, o ideal é permitir que o reflexo aconteça,
cobrindo o nariz e a boca com um lenço ou com as mãos. Em seguida, é
fundamental higienizar as mãos, garantindo proteção tanto para quem espirra
quanto para as pessoas ao redor.
Também é importante desfazer um mito: o coração não para
durante o espirro. O organismo continua funcionando normalmente durante o
reflexo.