cnn -06/01/2024 07:52
O ex-jogador e ex-técnico Mario Jorge Lobo Zagallo morreu
aos 92 anos. A informação foi publicada no começo da madrugada deste sábado (6)
pelo perfil oficial da lenda do futebol mundial.
“Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel,
profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que
nos deixa um legado de grandes conquistas”, diz a nota.
“Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você
e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande
exemplo que você nos deixa”, prossegue.
Início no futebol
Zagallo nasceu na cidade de Atalaia, no estado de Alagoas,
em 9 de agosto de 1931. Ainda jovem, se mudou para o Rio e iniciou sua carreira
como jogador nas categorias de base do América Futebol Clube.
Em 1950, participou de sua primeira Copa do Mundo, mas ainda
não como atleta. Na época, aos 19 anos, fazia parte da Polícia do Exército.
Sabendo de sua ligação com o futebol, o chefe do esquema de
segurança da competição o designou para trabalhar nas arquibancadas do estádio
do Maracanã durante a final, onde assistiu o Brasil ser derrotado pelo Uruguai.
O jogador da Seleção Brasileira
Oito anos mais tarde, a história foi diferente. Já sendo um
dos destaques do Flamengo, esteve relacionado na convocação para a Seleção
Brasileira na campanha vitoriosa da Taça Oswaldo da Cruz. Com o êxito, seguiu
com o grupo para o Mundial daquele ano, que foi disputado na Suécia.
Em solo europeu, participou dos seis jogos da competição.
Acabou sendo responsável por um dos gols na final vencida pelos brasileiros por
5 a 2, contra os donos da casa. Ali, conquistava sua primeira Copa. Na edição
seguinte, em 1962, no Chile, ganhou o bicampeonato mundial.
Ainda com a amarelinha, foi vencedor da Taça do Atlântico
(1960), da Taça Oswaldo Cruz (1958, 1961 e 1962), da Taça Bernardo O’Higgins
(1959 e 1961) e da Copa Roca (1960 e 1963). Em 1964 resolveu se aposentar da
Canarinho como atleta.
O treinador
Mesmo depois de pendurar as chuteiras, o Velho Lobo resolveu
continuar no futebol. Em 1966, assumiu o comando do Botafogo. Na equipe, foi
campeão da Campeonato Carioca em 1967 e 1968, da Taça Rio nos mesmos anos, e do
Campeonato Brasileiro de 1968, à época chamado de Taça Brasil.
Antes da Copa do Mundo de 1970, disputada no México, foi
chamado para ser técnico da Seleção, substituindo João Saldanha. O time era
recheado de craques, como Pelé, Rivelino, Gérson, Jairzinho, Clodoaldo e
Tostão.
A campanha brasileira foi espetacular: seis vitórias em seis
jogos, 19 gols marcados e apenas sete sofridos, coroando uma grande campanha
para o tricampeonato. Zagallo passou a ser a primeira pessoa na história a
conquistar um mundial como treinador e jogador.
Em 1974, não teve o mesmo êxito, mesmo mantendo algumas
peças do tri. Acabou na quarta colocação na Copa do Mundo da Alemanha.
Nos anos 1970 ainda teve passagens vitoriosas como treinador
do Flamengo, do Fluminense, e do Al-Hilal, da Arábia Saudita. Nos anos 1980
comandou Vasco, Seleção Saudita e Bangu.
O coordenador técnico
Após 20 anos, Zagallo retornava para a maior competição de
futebol. Mas, desta vez, como coordenador técnico, na comissão de Carlos
Alberto Parreira, na Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994.
Na fase de grupos, a Seleção não perdeu, liderando o grupo
B. Venceu a Rússia, por 2 a 0, e Camarões, por 3 a 0. Contra Suécia, empatou em
1 a 1.
Nas oitavas de final, os brasileiros derrotaram os
anfitriões por 1 a 0, com gol de Bebeto. Nas quartas de final, superaram a
Holanda por 3 a 2. Na semifinal, a Seleção encontrou novamente a Suécia, mas
dessa vez saiu com a vitória, por 1 a 0.
A grande final foi contra a Itália, com um persistente
empate por 0 a 0 no tempo normal. Nas penalidades, o Brasil fez 3 a 2,
interrompendo um jejum de 24 anos sem a conquista da Copa. Foi o quarto título
de Zagallo como membro da delegação.
Após a competição, com a saída de Parreira, o “Velho Lobo”
foi escolhido para a sucessão e voltou a comandar a Seleção Brasileira. Venceu
a Copa Umbro, em 1995, e a Copa América e a Copa das Confederações em 1997.
O retorno à Copa do Mundo no comando da Seleção
Em 1998, Zagallo embarcava para seu terceiro mundial como
técnico. Na primeira fase, o Brasil terminou em primeiro no grupo A, com
seis pontos, vencendo duas seleções: a Escócia, por 2 a 1, e o Marrocos, por 3
a 0. E sofreu um revés, contra a Noruega, por 2 a 1.
Nas oitavas de final, goleou o Chile por 4 a 1, com gols de
César Sampaio e Ronaldo Fenômeno. Já nas quartas de final, venceu a Dinamarca,
do lendário goleiro Peter Schmeichel, por 3 a 2, em uma grande partida.
Na semifinal teve a Holanda pela frente. No tempo normal,
empatou por 1 a 1 com a Laranja Mecânica. Nas penalidades, venceu por 4 a 2,
contando com a genialidade do goleiro Taffarel.
Mas na final, contra a França, anfitriã do torneio, a
história mudou. Marcada pelo episódio de uma convulsão de Ronaldo Fenômeno
antes da partida, a Seleção foi completamente dominada e derrotada por 3 a 0.
O pentacampeonato viria em 2002, sob o comando de Luiz
Felipe Scolari, que deixou o cargo após a vitória.
Com isso, foi aberto o caminho para o retorno da dupla
vitoriosa em 1994: Parreira e Zagallo, nas mesmas funções da época: técnico e
coordenador técnico, respectivamente.
No período, foram campeões da Copa América, em 2004 e da
Copa das Confederações, em 2006. Mas o desfecho na Copa do Mundo viria mais
cedo, nas quartas de final, após derrota para a França.
Títulos de Zagallo pela Seleção Brasileira
Como jogador: Copa do Mundo (1958 e 1962); Taça do
Atlântico (1960); Taça Oswaldo Cruz (1958, 1961 e 1962); Taça Bernardo
O’Higgins (1959 e 1961); Copa Roca (1960 e 1963);
Como técnico: Copa do Mundo (1970); Copa América
(1997); Copa das Confederações (1997); Copa Roca (1971); Taça Independência
(1972); Copa Umbro (1995); Pré-Olímpico (1996);
Como coordenador técnico: Copa do Mundo (1994); Copa
América (2004); e Copa das Confederações (2005).