BNDES vai questionar escolha do pai dos irmãos Batista para presidir JBS

g1 -18/09/2017 12:43

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai consultar a Comissão de Valores (CVM) sobre a validade da reunião do conselho da JBS, que no sábado elegeu José Batista Sobrinho como novo presidente-executivo da empresa. Ele é pai de Wesley e Joesley Batista, que estão presos, e substituirá Wesley no comando da maior empresa de carne do mundo.

As afirmações foram feitas pelo presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, em entrevista à Reuters nesta segunda-feira (18). Ele disse que continuará defendendo a saída definitiva da família Batista do comando da JBS. 

A JBS anunciou no domingo (17) a substituição de Wesley por José Batista Sobrinho na presidência da empresa. Segundo o comunicado da companhia, a escolha foi feita pelo conselho de administração da empresa em reunião no sábado em decisão unânime.

O BNDES é o segundo maior acionista da JBS com uma participação de 21,3% na empresa, por meio do seu braço de investimento em companhias, o BNDESPar. O banco tem direito a indicar dois conselheiros para a empresa, mas atualmente apenas uma vaga está preenchida.

Rabello de Castro disse que não sabia da reunião de sábado, que elegeu Sobrinho por unanimidade, e criticou a representante do BNDESPar no conselho, Claudia Silva de Azeredo Santos, por ter participado e votado.

"Ela não deveria ter comparecido para não se dar por convocada", afirmou.

Rabello de Castro disse ainda que o BNDESPar indicará ainda nesta segunda dois novos representantes para compor o conselho da JBS. Um deles será Cledorvino Belini, ex-presidente da Fiat Chrysler para a América Latina. O outro nome ainda precisa ser definido pelo banco.

'Momento de equilíbrio' 

Em meio às declarações do presidente do BNDES, a JBS enviou um comunicado à imprensa ressaltando que a reunião do conselho de administração foi convocada na quinta-feira (14), com dois dias de antecedência, e que escolha do novo presidente foi unânime.

"O momento atual é de equilíbrio, de união e de pensar no melhor interesse da JBS e de seus acionistas, tendo assim agido o conselho de administração, em estrita consonância com a lei e o Estatuto Social da Companhia", afirmou a JBS, em comunicado. 

Briga com a família Batista

O BNDES vinha defendendo o afastamento de Wesley do comando da JBS desde que se tornou pública a delação premiada dos executivos da companhia.

A pressão aumentou após o empresário ter sido preso na quarta-feira pela Polícia Federal, acusado de usar informações privilegiadas para ganhar dinheiro no mercado

Wesley Batista, um dos donos da J&F; e diretor presidente da JBS deixa a sede da Polícia Federal (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo)

 

Wesley Batista, um dos donos da J&F; e diretor presidente da JBS deixa a sede da Polícia Federal (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo)

"O banco permanecerá firme como uma rocha na sua posição como sócio da empresa influindo tudo que for possível para consertar a péssima governança da companhia", afirmou. Mas o banco não pretende se desfazer da participação na JBS.

A JBS é alvo de escândalo, após seus executivos revelarem um esquema para comprar de políticos. As revelações foram feitas em um acordo de delação premiada. O acordo pode ser cancelado após a descoberta de que os delatares esconderam crimes que não foram revelados à época do acordo.