Alvo da Lava Jato, Aloysio Nunes pede demissão do governo Dória

g1 -19/02/2019 23:58

O ex-senador pelo PSDB Aloysio Nunes Ferreira Filho pediu demissão da presidência da InvestSP na tarde desta terça-feira (19). Agentes da Polícia Federal cumpriram mandados de busca e apreensão em sua casa e prenderam Paulo Vieira de Souza, apontado como operador financeiro ligado do PSDB, na 60ª fase da Operação Lava Jato. De manhã, Aloysio negou qualquer envolvimento em esquema de propina da Odebrecht.

Aloysio foi escolhido pelo governador João Doria (PSDB) para ser o presidente da Investe SP, agência paulista de promoção de investimentos, que, fica sob a responsabilidade da Secretaria da Fazenda, Planejamento e Gestão, chefiada por Henrique Meirelles.

Em trecho da carta, endereçada a Doria, Aloysio disse que ficou surpreso com a investigação da Polícia Federal. "Como é de conhecimento de V. Exa., fui surpreendido hoje por uma diligência da Polícia Federal em minha casa, em cumprimento de mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça Federal."

No documento, ele disse que não teve acesso aos autos do inquérito em que é investigado. "(...) mas o fato incontornável é a repercussão negativa desse incidente, que me mortifica a mim e à minha família, e que também pode atingir o governo de V. Exa."

Ele disse ainda que acionou seus advogados e que irá colaborar com as autoridades para "cabal esclarecimentos dos fatos. Tenho certeza que a verdade me beneficiará, embora somente ao final de um processo de duração imprevisível."

Aloysio encerrou a carta pedindo seu desligamento da presidência da InvestSP. "Nessas circunstâncias, imperativos de ordem pública e de ordem privada recomendam que V. Exa. me dispense da função de presidente da InvestSP para a qual fui honrado com sua designação."

Operação da Polícia Federal

A investigação da Lava Jato aponta uma transação de 2007, quando a Odebrecht transferiu € 275.776,04 para a conta de Paulo Vieira de Souza. A transferência foi feita por intermédio da offshore Klienfeld Services Ltd. A apuração identificou que, no mês seguinte à transferência, foi emitido um cartão de crédito em nome de Aloysio Nunes Ferreira, vinculado à conta de Paulo Vieira de Souza. O banco foi orientado a entregar o cartão de crédito no Hotel Majestic Barcelona, na Espanha, onde o Nunes estava hospedado.

"Fui acordado às 6h", disse Aloysio. "Não tive acesso aos autos do inquérito. Nem eu nem meu advogado sabemos o que existe no inquérito. Mas a imprensa sabe. Esse é o Brasil que estamos vivendo."

Aloysio Nunes Ferreira Filho integra a equipe do governador João Doria (PSDB). Aloysio é presidente da Investe SP, agência paulista de promoção de investimentos. A Investe SP, fica sob a responsabilidade da Secretaria da Fazenda, Planejamento e Gestão, que será chefiada por Henrique Meirellles.

"Estamos em busca do que existe nesse inquérito", disse Aloysio ao ser questionado pela TV Globo. Perguntado se teria recebido um cartão de crédito quando estava na Espanha, Aloysio negou: "Não recebi".

Outra investigação

Aloysio é ex-senador pelo PSDB e ex-chanceler do governo Michel Temer. Em outra investigação, o ex-senador é suspeito de receber ilegalmente R$ 500 mil do grupo Odebrecht para financiar sua campanha para o Senado em troca de favores políticos. O STF autorizou a investigação contra ele, após pedido da Procuradoria-Geral da República.

Nunes está no mesmo inquérito que também pede a investigação do senador José Serra (PSDB) por supostas irregularidades no processo de licitação das obras do Rodoanel Sul que favoreceram a construtora Odebrecht, líder do consórcio vencedor do contrato.

De acordo com informações do documento, um grupo de construtoras combinava sua atuação na licitação para a construção do Rodoanel Sul para evitar a concorrência no processo. O grupo era formado por Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, Camargo Correa, Serveng Civilsan, OAS, Mendes Junior, Queiroz Galvão, CR Almeida, Constran e Odebrecht.

Em outro esquema, Nunes é apontado como beneficiário de dinheiro de caixa dois da concessionária CCR. A empresa, que atua na área de infraestrutura e administra rodovias em São Paulo, criou um esquema para fomentar o pagamento ilegal para diversas campanhas políticas. Neste esquema, Aloysio Nunes teria recebido R$ 1 milhão. Ele nega a acusação.

Em nota, o "PSDB esclarece que não é parte no processo em questão e não mantém qualquer tipo de vínculo com o sr. Paulo Vieira, jamais recebeu qualquer contrapartida de empresas nem autorizou terceiros a fazê-lo em seu nome. Os recursos recebidos pelo partido, em período eleitoral ou não, foram doados de maneira absolutamente legal e declarados à Justiça Eleitoral, respeitando a legislação vigente".